Um monte de caracteres. Pra dar preguiça de ler.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Ser, coisa

De repente desperta. Simplesmente, de um instante para outro, toma consciência de que há algo ao seu redor. Percebe a existência, o presente. Mesmo sem fazer idéia do que é tudo aquilo. Mesmo sem perceber que também é.
Esse estágio da existência, no qual se é sem ao menos saber o que, é uma etapa que sempre fica esquecida num passado remoto. Mas há um determinado instante em que as coisas começam a se conectar. Surge o pensamento, a consciência.
Estímulos externos passam a gerar sensações. As primeiras percepções, ainda descompromissadas e confusas, surgem através da comparação, de maneira não-linear. A percepção está ali, acusando que existe algo. Algos, coisas, muitos, diferentes. É possível ver, ouvir. Existem imagens, formas, cores. Existem sons, timbres. Existem texturas.
A cada instante é possível listar uma quantidade maior de percepções de existências. Comparativamente, percebe-se que o mundo não é uma coisa só. Existem coisas diferentes ali. Formas e cores, agrupados dentro de um limite específico, compondo certas unidades específicas.
Não existe a menor preocupação por trás de todas essas percepções. Não há objetivos, não há regras, não há nomes, nem definições. Mas há diferenças de tamanhos. E, assim, surge a percepção de espaço. Quanto mais perto, maior as coisas aparentam ser. Quanto mais próximo, maiores são as variações de coisas visíveis.
A aproximação permite o desfrute das possibilidades táteis. As texturas se revelam como mais uma característica capaz de separar as coisas e atribuir a elas uma especificação unitária dentro daquela coisa toda inicial. É possível ver, é possível ouvir e é possível sentir.
Com um acúmulo maior de informações comparativas, surge a percepção do movimento. Alguns se movem. Outros, não. Estão em toda a parte, o parado e o em movimento. Assim como o silêncio e o barulho. Assim como o escuro e a luz. E como as formas, cores e todo o tipo de variedade sensorial.
A aproximação se mostra mais interessante que o distanciamento. De longe, as possibilidades se reduzem. Assim como os movimentos se mostram mais intrigantes que a estaticidade.
Porém, nem todo movimento é igual. Existem várias possibilidades de movimento. Isto significa, então, que existem várias possibilidades de coisas que se movem.
O pensamento começa a apresentar características lineares. “Se uma coisa é assim e a outra não é, então existe uma diferença entre elas”. Ao posicionar os movimentos numa linha de oposição, conclui-se que existem movimentos que deslocam e movimentos outros.
O deslocamento permite aproximação e distanciamento das coisas em relação a outras coisas. “Mas e os outros movimentos?”
Esses movimentos diferentes dos de deslocamento são executados por partes específicas das coisas. E interagem com outras coisas, ou partes das coisas, próprias ou outras. Portanto, o movimento que não muda a coisa de lugar tem uma razão de ser.
“Razão de ser?!?!?!”
É aí que surge a percepção de que também é. Ser, intransitivo. E de que deve haver uma razão na própria existência. “Será que todos são da mesma forma? Será que existe uma forma única de ser?”
As revelações continuam. Essa rede de percepções cada vez esclarece mais. E quanto mais claro, mais aparecem questões a desvendar.
A bagagem acumulada até então começa a produzir insights. Percebe-se que alguns movimentos dos não-deslocantes são repetitivos, enquanto outros variam.
“Então algumas coisas só fazem uma coisa. Outras coisas fazem várias coisas”. É o protótipo da noção de vontade. Comparando movimentos, percebe-se que a vontade é algo característico das coisas que realizam movimentos aleatórios, sem regularidade. Surge, assim, a noção de vida.
O rápido desenvolvimento das linhas de raciocínio leva à conclusão de que existem diversos seres vivos, dos mais diferentes tamanhos, cores e formas. Esses seres têm vontades e executam movimentos para satisfazê-las. E passa a reparar nas peculiaridades dos seres vivos. São cheios de partes, mas todas trabalham em conjunto para o funcionamento do todo. Todos os seres vivos são assim.
A noção de vontade e da vida como alimento dessa vontade traz a idéia de possibilidade de realização de vontades. A ausência de vontades, e dos meios de realizá-las, revela que sua própria existência não é dotada de vida. Tal conclusão é tão reveladora quanto qualquer outra. Não representa um problema.
Mas existe um grupo que vive diferente. Apesar de apresentarem características gerais das outras coisas vivas, eles fazem muitas coisas diferentes e interagem com muitas coisas. Fazem mais coisas dentro de um único instante e são extremamente numerosos. Porém, contrariando toda essa intensidade, parece que não têm vontades. Todos agem de forma muito parecida. Raramente aparentam satisfação. Normalmente aparentam executar movimentos alheios às suas vontades.
A observação dessa forma de vida diferente acrescenta a noção de liberdade, que traz a conclusão de que também não possui tal capacidade.
E acaba. As idéias param de circular. As percepções param de fluir. A consciência se fora. Não chegou sequer a saber o que é, ou era. Não descobriu os sentimentos, a sociabilidade. Não chegou a saber o que é trabalho, desejo, dinheiro. Nem fome, medo ou prazer. Não chegou a saber o que é certo e errado, nem o que é bom ou ruim. Mas, pelas condições, deixar de perceber não significa nada. Ainda mais agora.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Roque!

Apesar de se referir a um gênero musical, a palavra "rock" define movimentos musicais que nem sempre possuem os elementos musicais característicos do termo (compasso quaternário, formação voz-guitarra-baixo-bateria, sonoridade agressiva, temática relacionada ao cotidiano juvenil) ou a estrutura musical característica (versos, refrão, solos de guitarra).

Apesar de nomear um gênero musical, o termo "rock" se consolidou como adjetivo e tem sido cada vez mais difícil classificar uma música como rock apenas por suas características musicais. O "rock", como adjetivo, refere-se à música que contraria as tendências musicais que ganham maior destaque na mídia contemporânea. O rock sempre exerceu função de opositor ao pop. Portanto, rock é qualquer música que contraria as tendências do seu tempo. Com isso, faz-se necessário situar a música em um referencial determinado pela sonoridade, temática e visual do cenário musical popular vigente. O rock de um determinado período é aquela música que se opõe às tendências musicais do momento e atende ao público que não se identifica com a massa consumidora de música pop.

O rock, mais do que um estilo musical, é a música de oposição. Isso explica porque o rock sempre se renova e o "fazer rock" sempre se modifica, originando subgêneros. Quando o rock da oposição encontra aceitação das massas, um novo rock precisa emergir para se opor. Portanto, o termo "rock" determina, na verdade, uma postura perante o mercado musical.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Dona da verdade

Pesquisei o meu nome na Wikipedia e fiquei revoltada ao constatar que não havia nenhuma citação sobre qualquer contribuição minha para algum evento histórico ou cultural de valor enciclopédico. "Não é possível que eu não tenha participado de nenhum processo significativo ao longo dos meus vinte e poucos anos de existência!" - a voz interna não parava de reclamar.

Resolvi, então, buscar pelos nomes das pessoas que mais me influenciaram ao longo da minha vida: aquele professor instigante, aquela tia distante, aquele amigo genial, aquela menina que desenhava na escola...

NENHUM RESULTADO ENCONTRADO.

Você pode criar uma página com este título.

Huuuum...

(...)

CLICK

(...)

Passei horas, dias, semanas, apenas me dedicando à transferência da minha cultura pessoal, do meu universo particular, à principal fonte de informações do momento. Agora, sim, está tudo lá! Agora, sim, as coisas que eu vi e vivi podem ser reconhecidas como reais pelo mundo! Agora, sim, eu sou alguém!

O único problema é que sempre tem alguém pra deletar a página que eu escrevo com tanto carinho. Mas a minha vontade de entrar para a História é maior do que a vontade deles de me apagar. E eu escrevo tudo de novo. Cada vez com mais capricho.

De fato, meu texto tem melhorado significativamente nos últimos tempos. É verdade que a "prática leva à perfeição" (Shelly M. - de acordo com a Wikipedia). Minhas habilidades retóricas se expandem a uma velocidade supreendente (graças aos meus artigos sobre o assunto linkados na Wiki). E foi assim que eu inventei uma nova arte: a wikiarte (Wikipedia, artigo: Wikiart).

A verdade é que eu utilizo recursos linguísticos para embelezar os meus artigos, assim como para convencer os revisores de que o meu texto é o mais puro reflexo da verdade. Com o tempo, alguns artigos têm ganhado credibilidade. A cada dia que passa, sobra mais tempo da maratona de republicação de artigos deletados e eu aproveito para escrever novos artigos sobre a minha cultura pessoal. O ciclo recomeça e eu insisto em reescrever os mesmos artigos até que eles se tornem a mais pura verdade. O tempo vai passar, as gerações vão avançar, e a minha verdade será a mais transparente verdade. Todos vão saber. Até você.

PS: Beijos aos meus funcionários da Shellypedia Truths.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Vós não existis?

Imagine uma mesa de bar. Cervejinha, conversinha, musiquinha e tal. Eu começo a lhe contar sobre o meu mais novo projeto inovador. Nesse momento, sou a primeira pessoa do discurso: eu. Certamente, a pessoa mais importante no meu discurso. Não tenha dúvidas disso.

Mas a comunicação é uma coisa engraçada, né? Se eu tô falando com você, então não se trata de um monólogo. E eu espero sinceramente que você esteja me ouvindo, mesmo que a minha necessidade de falar seja maior que a sua necessidade de ouvir. Considerando que a sua testa deu uma franzidinha sutil depois da última frase, acho que posso entender que você está realmente me ouvindo. Talvez não entenda muito bem. Supondo que você está me ouvindo, você é a segunda pessoa do discurso: tu. (Ué...)

Blá, blá, blá... Meu projeto inovador conta com o apoio de uns amigos: o Paulinho, a Mariana e o Zé. Eles tão na mesa do lado. Gritam tanto, que nem me escutam falar. Pois é, são a terceira pessoa do discurso. Mas é porque eu tô falando deles. Não tem a ver com a quantidade.

Até aí, nada de mais. Nossa mesa tá tranquila, todo mundo ligado no meu papo singular. Já a mesa da galera ali do lado, aquela gritaria, tem um monte de gente falando de vários assuntos paralelos, tudo no plural.

Pequenos conceitos, mas um ponto de partida. Isso tudo é pra filosofar sobre a conjugação dos verbos. A gente aprende aquela coisa de pronomes pessoais do caso reto, empilha eles numa folha de papel e conjuga os verbos incansavelmente, até aprender (e a maioria nunca aprende). E lá vai: eu, tu, ele, nós, vós, eles. Todo mundo, em algum momento da vida, já questionou o uso das segundas pessoas. Ninguém conjuga verbos nas segundas pessoas aqui no Brasil! Por que se insiste nessa decoreba de algo tão obsoleto? Melhor ainda: por que diabos tiraram a segunda pessoa dos verbos?

É o sinal dos tempos... Essa sociedade anda muito egoísta. E superficial também. Ninguém está preocupado com o próximo. A grande preocupação é com o que as pessoas vão achar. É a era das aparências. Muita gente já afirma isso. Eu tenho mais é que me preocupar comigo. E com o que ele vai pensar, eles vão pensar. Chega mais, gatinho! Tem espaço pra mais um! Nós podemos ser felizes juntos. Mas não deixe de ser primeira pessoa, viu? Tem que fazer parte de mim! É questão numérica: corpos no plural, mas o cérebro aqui sou eu. A partir do momento em que você se atrever a reivindicar a sua autonomia e a sua liberdade, não vou mais querer saber. Tu só pode conjugar um verbo se for para ser como eles, na terceira pessoa.

Tu és um zero à esquerda. Tu estás ultrapassado. Vós todos sois errados e não podeis ilustrar as nossas frases. Nem as frases deles. Isso vai contra a nossa brasilidade.

Porém, você é bem-vindo. A nossa intimidade é tanta, que eu preciso me referir à sua pessoa através de um pronome de tratamento. É comum sentir essa distância toda entre nós. Uma distância similar à que lhes separa da Sua Excelência, seja ela quem for. Talvez isso justifique esse vazio e essa solidão, dos quais todos nós reclamamos tanto.

É, o Brasil tá louco! As pessoas estão tão preocupadas com elas mesmas e com o julgamento dos outros, que acabaram esquecendo que existe uma segunda pessoa no discurso!

Alooou? Tem alguém aí? Você leu isto? Sério mesmo? Já que você está aí, sem fazer nada, tá a fim de ser a segunda pessoa do meu discurso? Que tal parar de pensar em você mesmo e tentar entender um pouquinho da minha lógica? Vamos tentar?

Será que tu consegues?

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Estudos avançados da porra!

- Estudos morfológicos avançados da porra! -

1. Substantivo
Ex: Ih, a camisinha furou e vazou porra.

2. Adjetivo (formando locução adjetiva)
Ex: Roquenrou da porra!

3. Pronome indefinido (também em locuções)
Ex: Aquilo não era porra nenhuma!

4. Interjeição
Ex: Porra! Tô tão feliz!

- - -

- Estudos sintáticos avançados da porra! -

1. Núcleo do sujeito
Ex: A porra pingou no chão.

2. Complemento verbal
Ex: O ator engole porra.

3. Complemento nominal
Ex: Passei longe daquela porra.

4. Agente da passiva
Ex: O carpete foi manchado de porra.

5. Aposto
Ex: A violência, essa porra, preocupa todo mundo.

OBS: Interjeições são consideradas um tipo específico de oração e representam uma função sintática exclusiva.


CONCLUSÃO:
A maioria dessa PORRA é interjeição!

Playlist

Faixa 01
R.E.M. - Losing My Religion

"That's me in the corner
That's me in the spotlight
Losing my religion
Trying to keep up with you
And I don't know if I can do it
Oh no I've said too much
I haven't said enough
I thought that I heard you laughing
I thought that I heard you sing
I think I thought I saw you try
(...)
That was just a dream
"


Faixa 02
Bright Eyes - A Perfect Sonnet

"But I believe that lovers should be tied together
Thrown into the ocean in the worst of weather
Left there to drown
Left there to drown in their innocence
(...)
Singing, I believe that lovers should be chained together
Thrown into a fire with their songs and letters
Left there to burn
Left there to burn in their arrogance
But as for me I'm coming to my final failure
I've killed myself with changes trying to make things better
And ended up becoming something other
than what I had planned to be
All right
I believe that lovers should be draped in flowers
And laid entwined together on a bed of clover
Left there to sleep
Left there to dream of their happiness
"


Faixa 03
Smashing Pumpkins - Ava Adore

"It's you that I adore
You'll always be my whore
You'll be a mother to my child
And a child to my heart
We must never be apart
Lovely girl, you're the beauty in my world
Without you, there aren't reasons left to find
And you'll pull your crooked teeth
You'll be perfect just like me
You'll be a lover in my bed
And a gun to my head
"


Faixa 04
Talking Heads - Psycho Killer

"I can't seem to face up to the facts
I'm tense and nervous can't relax
I can't sleep, bed's on fire
Don't touch me I'm a real live wire
(...)
We are vain and we are blind
I hate people when they're not polite
"


Faixa 05
Miranda! - Imán

"Como puedo yo parar?
Esto parece no tener final
Estoy unido, atado con un hilo
Estoy pegado a vos como por un imán
Como puedo detener
Esta atracción que siento por tu piel
Encadenado te recorro a nado
Y prefiero ahogarme
"


Faixa 06
Perfect Freak - Self Expression

"I lost my motivation
I'm swimming in confusion
I'm looking for an illusion
That seems believable
(...)
Should I leave my ideals behind to become one more blind?
(...)
Can't know which will be the final tear from a suicidal
Maybe this is the last one
Well, nothing is clear
What should I do?
I'm in love with someone
He can be you
Wouldn't it be cool?
"


Faixa 07
Cafe Tacuba - Eres

"Eres lo que mas quiero en este mundo, eso eres,
mi pensamiento mas profundo, también eres,
tan sólo dime lo que hago, aquí me tienes.
(...)
Aquí estoy a tu lado y espero aquí sentado hasta el final.
No te has imaginado lo que por ti he esperado
pues eres lo que yo amo en este mundo, eso eres,
cada minuto en lo que pienso, eso eres,
lo que más cuido en este mundo, eso eres.
"


Faixa 08
Weezer - Slob

"Leave me alone
I won't pick up the phone
And I won't listen to messages
Sent by someone who calls up and says
I don't like how you're living my life
Get yourself a wife
Get yourself a job
You're living a dream
Don't you be a slob
Leave me again
Don't hang out
In my den
Waiting for little clues
To appear
That I drank some of Grandaddy's beer
"


Faixa 09
Beck - Already Dead

"Time wears away
All the pleasures of the day
All the treasures you could hold
Days turn to sand
Losing strength in every hand
They can't hold you anymore
Already dead to me now
'Coz it feels like I'm watching something die
"


Faixa 10
Katatonia - My Twin

"You used to be like my twin
And all that's been
Was it all for nothing?
Are you strong when you're with him?
The one who's placed you above us all
"


Faixa 11
Sonic Youth - The Diamond Sea

"Look into his eyes and you can see
Why all the little kids are dressed in dreams
I wonder how he's gonna make it back
When he sees that you just know it's make-believe
Blood crystalized as sand
And now I hope you'll understand
You reflected into his looking glass soul
And now the mirror is your only friend
"


Faixa 12
Opeth - In My Time Of Need

"I can't see the meaning of this life I'm leading
I try to forget you as you forgot me
This time there is nothing left for you to take, this is goodbye
Summer is miles and miles away
And no one would ask me to stay
"


Faixa 13
Cake - Friend Is A Four Letter Word

"When I go fishing
for the words
I am wishing you would say to me,
I am really only praying that
The words you'll soon be saying
Might betray
The way you feel about me
But to me,
Coming from you,
Friend is a four letter word
"


Faixa 14
Dinosaur Jr - Out There

"I know your name
I know the people out there feel the same
I know you're gone
I hope you've got some friends to come along
I know you're out there
I know you're gone
You can't say that's fair
Can't you be wrong?
I feel OK
Sure, I know that's not what people say
Maybe they're wrong
Maybe you weren't on my side all along
(...)
I know it's sick
I know you think a game is just a trick
Maybe I've changed
Just tell me, was this all in vain?
"


Faixa 15
Nirvana - Heart-Shaped Box

"hey, wait, i've got a new complain
forever in debt to your priceless advice
"


Faixa 16
Pearl Jam - Black

"All five horizons revolved around her soul
As the earth to the sun
Now the air I tasted and breathed
Has taken a turn
(...)
All the love gone bad
Turned my world to black
Tattooed all I see, all that I am, all I'll be
I know someday you'll have a beautiful life
I know you'll be a star
In somebody else's sky
But why can't it be mine?
"


Faixa 17
Duran Duran - A Matter Of Feeling

"How does it feel when everyone surrounds you
How do you deal the crowds just make you feel lonely
What do you say when people are gonna try and pin you down
Acquiantences smile but theres no understanding
How after a while you keep falling off the same mountain
Try to explain it but nothing really gets them that high
Steal away in the morning
Love's already history to you
It's a habit you're forming
This body's despearate for something new
Just a matter of feeling
This moments madness sure to pass
And tears will dry as you're leaving
Who knows you might find something to last
"


Faixa 18
Tears For Fears - Shout

"In violent times
You shouldn´t have to sell your soul
In black and white
They really really ought to know
Those one track minds
That took you for a working boy
Kiss them goodbye
You shouldn´t have to jump for joy
(...)
And when you´ve taken down your guard
If i could change your mind
I´d really love to break your heart
I´d really love to break your heart
"


Faixa 19
Hole - Teenage Whore

"When I was a teenage whore
The rain came down like it never did before
I paid good money not to be ignored
Then why am I a teenage whore?
I've seen your repulsion and it looks real good on you
Denying what you put me through
...of my house...get out of my house!
Get out of my house... get out of my house!
"


Faixa 20
The Dresden Dolls - Coin-Operated Boy

"made of plastic and elastic
he is rugged and long-lasting
who could ever ever ask for more
love without complications galore
many shapes and weights to choose from
i will never leave my bedroom
i will never cry at night again
wrap my arms around him and pretend....
coin operated boy
all the other real ones that i destroy
cannot hold a candle to my new boy and i'll
never let him go and i'll never be alone
not with my coin operated boy
"


Faixa 21
Radiohead - Where I End And You Begin

"There's a gap in between
there's a gap where we meet
where i end and you begin
and i'm sorry for us
the dinosaurs roam the earth
the sky turns green
where i end and you begin
i am up in the clouds
i am up in the clouds
and i can't and i can't come down
i can watch but not take part
where i end and where you start
where you, you left me alone
you left me alone.
(...)
i will eat you all alive
there'll be no more lies
"


Faixa 22
Silverchair - Do You Feel The Same

"Stay alert, 'cause I'm obsessed
Surely I can't be depressed
Could I be read if I was see-through?
Or would you just read my spine?
(...)
Hold yourself 'cause no one will
I'll be there to take the spill
Cleanse your soul
Change the tide and ride the wave
Back into me
"


Faixa 23
Depeche Mode - Enjoy The Silence

"All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm
"


Faixa 24
Blur - Coffee And TV

"So give me coffee and tv easily
I've seen so much, I'm going blind
and i'm braindead virtually
Sociability is hard enough for me
Take me away from this big bad world
and agree to marry me
So we can start over again
"


Faixa 25
Smashing Pumpkins - I Of The Mourning

"Radio, play my favorite song
Radio, radio
Radio, I'm alone
Radio, please don't go
I peer through curtains on empty streets
Behind a wall of caller i.d.
No one's out there
To hear if I care
About the troubles in the air
"

terça-feira, 1 de maio de 2007

(Ausente)

Acenderam as luzes. Todo mundo já foi embora. Nem percebi essa movimentação. De repente não havia mais ninguém ali. E eu continuo aqui, sentada no sofá do canto. O DJ toca eternamente. Ou pelo menos até não ter mais ninguém pra testemunhar o momento em que ele desliga o som. Não sei onde eu tô. Mas isso não importa. O que importa é que eu estou aqui, sentada, ouvindo essas músicas que o DJ toca. O que importa é que eu ocupei o meu tempo e a minha cabeça. Ou talvez tenha jogado tudo fora. É, acho que joguei fora mesmo. Deve estar ali pelo chão e privada, atrás da terceira portinha.

A consciência tá tão distante. Se alguém me perguntar alguma coisa, ela até se manifesta numa resposta mecânica. Até porque todas as perguntas que alguém pode te fazer num momento como esse já foram ensaiadas previamente. Uma pergunta surpreendente poderia trazer toda a consciência de volta. Isso não seria bom. Ter consciência do meu estado e da falta de propósito dele não me faria bem.

Onde foi parar todo mundo? Por que ninguém fica pra ouvir a última música? Será que todo mundo encontrou o que procurava e resolveu ir embora? Será que eu ainda tô aqui porque tô esperando alguma coisa? Será que não tem nenhum traço de consciência por perto pra avisar pro meu corpo que eu não vou encontrar nada aqui?

Mas que diferença faz? Poderia ser aqui, poderia ser na minha casa... ou num hospital. Eu poderia estar morta. A busca não acaba, simplesmente porque eu não sei o que é que eu tanto procuro, se é que eu procuro.

Não sei quanto tempo vai levar pra algum segurança me empurrar e dar início a alguma movimentação do meu corpo em direção à rua. Mas o melhor é que isso não faz a menor diferença. Nada importa. Não penso, não existo. Existir é muito cansativo e eu tenho que aprender a valorizar esses momentos nos quais eu sou completamente nula.

Todas aquelas pessoas que estavam se anulando, dividindo esse espaço comigo, já devem estar nas suas casas. Devem estar dormindo, tomando banho, comendo, trepando... Será que todas elas se sentem como eu? Será que todo mundo que esbarrou em mim hoje se sente tão vazio, sozinho e inútil como eu? Por que o dia seguinte dói tanto? Melhor deixar essas questões pra quando eu acordar. Deixa a minha consciência dormir mais um pouco, que ela tem tido dias ruins.

Queria ver esta minha cara de stand by, pra ter como avaliar o quanto esta situação é medíocre. Queria conhecer as consciências adormecidas deles, sem ter o trabalho de conhecer aquela coisa chata que todo mundo mostra pra causar uma boa impressão enquanto não cria a devida intimidade. Bem que as pessoas podiam ser mais livres.

O único problema é que liberdade é um conceito solitário. E a gente não aguenta a solidão. Precisamos ter alguém para agradar, alguém pra impressionar, alguém para não ser, e muitos outros alguéns. Até na hora de ser livre, as pessoas procuram ambientes movimentados. A humanidade é uma coisa patética mesmo. Todo mundo se achando tanto, quando somos uns merdas.

Os seguranças acendem lâmpadas pela pista. Não tem cena mais curiosa do que essas lâmpadas se acendendo em cima de cabeças tão vazias. Se eu tivesse condições, analisaria esses rostos tão apagados quanto o meu. Mas isso ia quebrar toda a magia que a produção se esforçou tanto pra criar. Tá tudo claro, inclusive as intenções de toda essa iluminação. Mas, desculpe, caro segurança. Não existe uma consciência pilotando este corpo. O mesmo acontece com aqueles corpos ali do outro sofá. Manda alguém pra me buscar. Alguém que traga a minha consciência de volta e me prove que alguma coisa faz sentido nessa vida.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Capitalismo elitista de mierda!

Balas perdidas, mortos, feridos, violência, assaltos, blá, blá, blá... E ninguém faz nada! Tudo bem. A maioria não tem mesmo como mudar alguma coisa. Mas é incrível como tudo isso alimenta síndromes do pânico por aí! A mídia adora explorar o assunto. A polícia é mais vilã do que solução. E o governo nunca sabe como agir.

Tem todo um fluxo de dinheiro nisso. E dinheiro move tudo! O povo adora consumir desgraça, o governo só trabalha nos anos de eleição e a polícia é aquela coisa... É tudo tão conveniente! Legalizar a venda de drogas acabaria com todo esse problema de tráfico. Mas quem tá preocupado em expandir o mercado legal? Quem tá preocupado em dar emprego digno pro povo?

Mas pode ter certeza que essa galera poderosa aí tá bastante preocupada em encher seus bolsos (pra não usar uma palavra menos educada) de dinheiro. E a audiência dos noticiários vai muito bem. Afinal, ninguém mais tem coragem de sair de casa mesmo! O povo inteiro dentro de casa é garantia de audiência pras emissoras de TV. O culto ao medo vende jornal. A polícia vai melhorando sua renda com diversas atividades nem tão corretas assim. E o governo? Esses aí só vão se manifestar em ano de eleição, quando os índices de violência certamente cairão. Aí todo mundo fica feliz. Ou pelo menos quem importa: políticos, grandes empresários, traficantes e policiais.

O dinheiro tá circulando lá na elite. O capitalismo elitista vai muito bem. Enquanto isso, o povo tá preso em casa, consumindo todo tipo de molde cultural que eles resolvem impor, sustentando as empresas de ônibus, as imobiliárias e os supermercados. E só. Como é que esse país vai evoluir com um povo que precisa gastar toda a sua renda pra garantir um lugar pra morar, comida e transporte? Essas coisas são o mínimo que qualquer ser humano merece. Tem tanta gente honesta sem teto e sem comida... E tanta gente que não respeita ninguém sendo sustentada pelo governo...

Enquanto a elite não for constituída por seres humanos (substantivo seres + adjetivo humanos), estamos fritos.

sábado, 14 de abril de 2007

Babe,

Conheci alguém. Não sei como te contar isso, mas não dá pra continuar assim. Eu sei que você vai querer uma explicação, mas ela realmente não existe. A verdade é que eu não sei o que estou fazendo e não tenho motivos. Só deu vontade de fazer assim. Foi intuição, sei lá.

Mas eu sei que você já tinha percebido que as coisas não funcionavam entre a gente. Nunca funcionou. Acho que fechamos os nossos olhos e tentamos acreditar que tudo ao nosso redor era como gostaríamos, mas a realidade não é bem assim.

E já vou adiantando que você não fez nada de errado. Eu estava tão conformada com a nossa situação, que até saí pra comprar um presente pra você. Foi assim que eu conheci esse alguém. E nem adianta achar que se você fosse menos merecedor desse presente, as coisas teriam sido diferentes. Eu teria conhecido alguém da mesma forma.

Confesso que não cheguei a refletir sobre o assunto. Mas esse meu impulso foi forte o bastante para me convencer, e não tenho medo de me arrepender. Quero muito que você siga a tua vida, encontre alguém e me convide pro teu casamento. Quero muito poder constatar que foi melhor assim, ao menos pra você.

Não se sinta traído. Só falei que conheci alguém. Não houve uma traição. Apenas percebi que não temos mais porque seguir dividindo as nossas vidas. Nem sei ao certo se vai rolar alguma coisa com o "alguém", nem se vai valer a pena. Mas não me espere. Não vou voltar. E mesmo que eu me arrependa, não vou querer tentar de novo. Tinha que ser assim. Minha intuição diz isso.

Tente respeitar a minha decisão e não caia no erro de se sentir agredido com a rejeição. Não me ame mais por causa disso, porque não é rejeição que constrói amor. Se você deixar esta situação alimentar algo em você, será apenas sentimentos negativos. E só vai te fazer mal. Acredite: estou te contando sobre isso exatamente porque me importo com você. Se eu quisesse o teu mal, agiria de outra maneira.

Sei que daqui a pouco você vai ler isso... Tenta não deixar as lágrimas caírem no teclado. Tenta não deixar a frustração atrapalhar o teu sono. Tenta acordar amanhã bem cedo pra caminhar na praia. Tenta não afogar as mágoas no álcool, nem em bucetas. Tenta encarar esse fim como um novo começo. Uma nova história se inicia agora. E o agora é sempre melhor do que o passado. Afinal, os sentidos só são capazes de sentir o agora.

Não vou me prolongar mais. Daqui a 5 anos, você nem vai lembrar desta situação. Fecha essa janela, toma um copo d'água, um banho bem demorado... Blonde Redhead na hora de chorar. The Hives pra aliviar. Providencie chocolates pra essa primeira semana. Leia mais.

Beijo.

domingo, 8 de abril de 2007

About me

Nasci na privada de casa. Meu corpo foi tomado pelos espíritos dumal e, aos 3 anos de idade, eu já era capaz de me comunicar em 8 idiomas, incluindo uma língua morta e uma extraterrestre. Minha babá, de 14 anos de idade, me alimentava com palitos de fósforo, o que me gerou a fantástica habilidade de cuspir fogo. Foi assim que me tornei incendiária. Minha mãe perdeu a minha guarda e eu fui entregue a uma mendiga, que me passou pra uma velha gagá, que chutou pra minha avó e fez um gooooool! Esse evento causou um impacto enorme na cultura nacional e foi responsável pela popularização de diversas gírias do futebol, como "deu zebra", por exemplo. A cirurgia de transferência do fluxo do fogo é cara demais e não foi possível porque o Silvio Santos queria que eu incendiasse a fábrica dos biscoitos Globo em troca. Isso explica o meu total fracasso na vida amorosa. Frustrada, decidi dedicar a minha vida a uma causa nobre e passei a viajar pelo mundo levando minha mensagem de amor dumal aos portadores da carência do que fazer. Depois, fui convidada por Simon Fuller a integrar o grupo cover oficial brasileiro das Spice Girls, no qual eu representava simultaneamente a Emma e a Mel C, desafiando as habilidades da maquiadora, Dawn Allen (a filha do Flash). Minha carreira de pimenta foi interrompida quando um grupo de homens de sobretudo preto me sequestrou para usar o meu corpo como oferenda num ritual satânico num cemitério de Palmas (foi quando as outras meninas montaram um trio, chamado Powerblablabla Girls). E foi lá no Tocantins que o demo Meneghel saiu pela minha boca, em meio de muita pirotecnia, cantando "bom dia, amiguinhos, já estou aqui" (num musical semelhante ao aparecimento do gênio do Aladdin da Disney), e me perguntou se eu era virgem. Respondi que sou leão, com ascendente em leão, lua em leão e vênus em leão. Depois de ver todo o meu mapa astral e verificar que não havia nada de virgem, Meneghel decidiu recompensar um favor antigo e me propôs um pacto (afinal, eu não servia como oferenda mesmo). Foi aí que eu mudei de nome. Pacto assinado com o novo nome, pude enfim pedir o que eu quisesse e, tomada pelo ódio causado pelas lembranças da porta da esperança vazia, decidi me vingar do Silvio Santos e pedi o Roque. E assim se fez.

quinta-feira, 29 de março de 2007

A raiva acabou, mas e daí?




Depois de 5 anos sem lançar nada, não dá nem pra imaginar o que esperar do quinto disco do Silverchair. A principal característica da banda é a capacidade de se renovar a cada álbum e, já que os integrantes dedicaram os últimos anos a projetos paralelos, imagino que Young Modern seja um disco repleto de novidades e, mais uma vez, completamente diferente dos trabalhos anteriores. O lançamento oficial na Austrália é daqui a 2 dias. Vai saber quando o disco chega no Brasil?! Mas quem tá preocupado em esperar? Você ainda não baixou?

O meu acabou de chegar.

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faixa 1 - Young Modern Station
Agitada e moderninha. O disco começa muito bem. Timbres perfeitos. Soa mais simples do que é.

faixa 2 - Straight Lines
É o primeiro single. É a clássica baladinha do Silverchair, fofinha e melódica, cheia das camadas sonoras. Ben Gillies espanca a batera e Daniel Johns demonstra um vocal muito mais maduro e profissional, que já aparecia no Diorama (2002).

faixa 3 - If You Keep Losing Sleep
Música pra duvidar da sexualidade da banda. Excêntrica, soa como trilha sonora de filme bizarro de aventura. Ótimo arranjo, mas confesso que às vezes sinto falta da simplicidade do Frogstomp (1995). Será que uma banda precisa acrescentar tantos timbres diferentes pra amadurecer?

faixa 4 - Reflections Of A Sound
Uma coisa é certa: Daniel Johns sabe fazer hits. Essa faixa poderia entrar até numa trilha sonora de novela. Simples, bonitinha e com uma melodia bem assimilável. Quebrou totalmente a "confusão" da faixa anterior. Uma das melhores coisas que o Silverchair acrescentou ao seu trabalho ao longo dos discos foram os elementos rítmicos. A estrutura melódica das canções também evoluiu ao longo do tempo, mas muitas vezes soa cafona.

faixa 5 - Those Thieving Birds Part 1 / Strange Behaviour / Those Thieving Birds Part 2
O começo da música é climático. De repente, fica agitadinha. O excesso de camadas me incomodou em alguns momentos, mas faz parte da sonoridade do disco. É questão de acostumar. No entanto, não dá pra considerar esse trabalho como um disco tão pop quanto alguns fãs dos
tempos mais grunges na banda insistem em classificar. As músicas apresentam uma complexidade que está fora dos padrões pop. Sete minutos e vinte e seis segundos que acabam parecendo longos demais. Épico? Prog-Alternativo?

faixa 6 - The Man That Knew Too Much
Sem dúvidas, uma das melhores do disco. Tem cara de canção coreografada de musical.

faixa 7 - Waiting All Day
Uma bela canção. Mais uma faixa de trilha sonora. Estamos acompanhando a fase de transição da banda. Indiscutivelmente, o melhor disco do Silverchair ainda está por vir. Quero ver como a banda vai soar na próxima década, quando seus integrantes finalmente chegarem à casa dos 30.

faixa 8 - Mind Reader
Rock básico? Será? (...) Por enquanto ainda tá bem básico pro padrão do disco. Quero ver essa num show. Essas faixas mais agitadas e dançantes são as que garantem as melhores performances da banda no palco. Aliás, é bem provável que o tour do Young Modern passe por aqui em breve.

faixa 9 - Low
O piano cai muito bem na sonoridade da banda. A impressão que fica é que tem baladinha demais no disco, mas acho que essa impressão cai conforme você vai entendendo o disco. O quê aconteceu com os pedais de guitarra do Daniel Johns? Será que quebraram? Será que ele perdeu? Será que a artrite impossibilita que ele pise nos pedais? Ele deve estar ocupado demais estudando piano e canto pra se preocupar com a guitarra.

faixa 10 - Insomnia
Repito que o melhor disco ainda está por vir. Eles estão caminhando pra algum lugar que está começando a aparecer no horizonte. Vejo cada disco do Silverchair como uma busca por algo. Eles ainda têm muito tempo pela frente. Uma hora vão encontrar! Quem sabe se um dia a banda ganhar um baixista de verdade?

faixa 11 - All Across The World
Essa também está no single. Segue a linha das baladinhas melódicas, cheias dos "uhhh" e com várias partes e camadas diferentes. Destaque para o vocal, que tem muito conteúdo e feeling.

- - -

Guitarra básica e crua, mas roquenrou. Bateria dinâmica, pesada e muito bem trabalhada. Pianos, "climinhas" e camadas eletrônicas sutis. Vocal maduro, muito coerente, intenso e bem trabalhado. Riffs abandonados, junto com os pedais de guitarra. Arranjos complexos, baladinhas densas e uma busca que parece não ter fim. As letras evoluíram significativamente, com destaque para o cuidado na escolha de palavras. Enfim, os meninos cresceram e a maturidade da banda está cada vez mais próxima. Young Modern é um disco bom, épico, teatral, adulto, e que promete discos ainda melhores. Sinto falta da raiva deixada pra trás no milênio passado, mas não dá pra esperar tanta raiva dos queridinhos da Austrália, crescidos sob holofotes, casados e devidamente tratados de seus traumas.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Violência no Rio

Bala encontrada faz mais uma vítima

Foi registrado na manhã desta segunda-feira
mais um caso de bala encontrada no Rio de
Janeiro. Suely Malia da Pelegrinação, 42 anos,
foi encontrada morta no chão do banheiro
pelas suas filhas, que voltaram para casa mais
cedo por causa da falta de água na escola.

Bala no chão
Testemunhas disseram que Suely foi vista num
ônibus da linha 638 pela manhã, onde ela teria
se abaixado para pegar algo no chão. A polícia
afirma que foi um caso de bala encontrada, que
já fez 21 vítimas na cidade desde o mês de
janeiro. O delegado Tonim Aih disse em
entrevista que será feita uma operação de
emergência no Morro da Bruxamá, para verificar
as denúncias recebidas sobre o paradeiro dos
bandidos. "É preciso proibir a comércio de balas
no Estado do Rio de Janeiro", afirmou o prefeito.

Filhas no orfanato
As filhas de Suely, de 12 e 9 anos, foram levadas
em estado de choque para um orfanato, onde
aguardarão uma decisão do juizado de menores.
As meninas não têm família na cidade e os
parentes distantes ainda não se pronunciaram.
O Estado vai arcar com os custos do enterro,
que acontecerá amanhã.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Rascunho sobre o que toda menina deveria aprender na escola

Então você nasceu com uma buceta? Saiba que a sua vida está condenada pra sempre por isso. Você será menosprezada, tratada como objeto, desvalorizada, desreipeitada e julgada preconceituosamente a cada instanta da sua infeliz existência (mesmo que mulheres não tenham o direito de parecer infeliz). Esse é o mundo em que você vive. Pelo menos é assim nesse país de merda.

Mas ninguém nos ensina a lidar com essa condição. Até porque conhecimento é poder. E poder não combina com um grupo de seres inferiores dotados de buceta. Poder não combina com a submissão a qual devemos nos sujeitar ao longo da nossa vida.

Devemos?

Acho que muita gente prefere o sossego de se submeter ao sistema em troca de paz. Isso é plenamente compreensível e aceitável. Não há nada como estar em paz. Nada!

Mas ainda melhor do que ter paz, é ter paz E liberdade. Devemos, sim, fazer o que quisermos! E quando isso finalmente se tornar algo comum, então o preconceito simplesmente vai acabar.

Portanto, menina, quer dar? Dê. Não quer dar? Não dê. Não tenha medo. A maioria deles é tão frágil quanto qualquer mulher. Se eles são fisicamente mais fortes, é porque você não tem preparo físico. Já pensou em aprender a lutar?

Aí eu vejo as adolescentes rebeldes, achando que tão fazendo e acontecendo porque saem dando pra qualquer um. E, no dia seguinte, acordam cheias de culpa. A verdade é que elas se sentem obrigadas a dar pra fazer parte do grupinho de meninas rebeldes. E não tem necessidade disso.

Meninas rebeldes são frustradas. Mulheres bem-resolvidas fazem o que querem. E não o que os outros querem que elas façam. Simples assim. Elas têm personalidade e vontade própria. É assim que deve ser.

Sofremos demais. Enquanto os machos, tão espertinhos, nos enrolam com aquelas conversinhas deles, a gente vê a nossa auto-estima despencando e nos sentimos ainda mais frágeis. E não é bem assim. Se a conversinha deles pode conseguir tudo da gente, a gente tem algo que eles também fazem de tudo pra ter, inclusive pagar.

E vamos deixar o moralismo de lado um pouco. Isso é coisa que a sociedade enfiou na sua cabeça, junto com mais alguns milhares de valores pré-estabelecidos por sabe-se lá quem. Por que não usar a sua buceta pra conseguir o que quiser desses idiotas? Aliás, você inclusive pode fazer isso o quanto quiser e nunca contar pra ninguém. Todo homem do mundo deve acreditar plenamente que você é virgem e pura, e que a pica dele é a única que te agrada. Com isso, você consegue qualquer coisa do babaca.

Mas tudo bem. De repente o babaca é até um cara legal (e, acredite, ele pode fazer você acreditar nisso por uma vida inteira, mesmo sendo mentira). E, de repente, o cara até merece que você seja honesta com ele. E, de repente, você até quer ser. Então seja honesta com ele, porra! Isso realmente pode ser o ideal pra relação de vocês.

Mas nunca, nunca mesmo, sinta-se mal por usar a sua buceta pra conseguir alguma coisa. Eles nunca vão se sentir mal por terem te comido. E nunca vão se sentir mal por terem te enganado. E, caso se sintam mal, é o mínimo que eles merecem.

E, chegando ao final, não encare esse post como uma ideologia frustrada. A felicidade está nos sonhos. Não podemos deixar de sonhar. Mas também não podemos deixar a sociedade nos impor essa posição inferior em relação aos homens. A inferioridade é questão de escolha. Só depende de você.

Faça o que quiser. E use camisinha. Seu corpo não precisa dos perdigotos nojentos deles.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Em defesa dos Corações Gelados

Nada mais repugnante do que um ambiente cheio de pessoas felizes, legais, carinhosas, atenciosas e prestativas. Não há nada mais falso. Todo mundo tem seus momentos de vilão. Faz parte da vida. Os personagens voltados pro universo infantil são muito 8 ou 80: ou são mocinhos ou são vilões. Até mesmo o universo adulto é bombardeado por personagens bonzinhos e malvadinhos. Nós vemos todos os dias que não é assim. Quem nunca errou? Quem nunca magoou alguém? Quem nunca fez uma boa ação?

Na década de 80, surgiu um dos grupos de personagens com uma das mensagens mais lamentáveis: Os Ursinhos Carinhosos. Um bando de ursinhos coloridos, cada um representando um conceito repleto de preconceitos comportamentais. Idéias de bondade, carinho, felicidade, sorte e todo o tipo de coisas "bonitinhas" e "fofinhas", todas com o objetivo da criança se espelhar. Não há falha maior do que privar uma criança das emoções negativas. Todo mundo precisa aprender a lidar com a derrota, com o medo, com a tristeza... As pessoas precisam aprender a ser mais flexíveis. E isso deveria começar na infância. O mundo não é um parque de nuvens de algodão doce, onde ninguém faz nada chato e todos se ajudam entre si!

O mundo ideal não é habitado por idiotas alienados e superfelizes. A felicidade cega e não leva à evolução. As pessoas precisam da tristeza pra evoluir. E é nesse contexto que se insere o grande vilão do desenho: Coração Gelado.

Coração Gelado é mau? Ele inferniza os ursinhos? Como todo solitário, Coração Gelado deve ter dedicado boa parte da sua vida aos livros. É óbvio que ele é mais instruído que os ursinhos bobocas. Qual seria a grande revolta do Coração Gelado? Ver aqueles ursinhos idiotas pregando a harmonia enquanto o mundo tá se matando e eles não fazem nada além de ajudar crianças ainda mais retardadas? Ter que aguentar a dor da solidão e saber que ela é resultado da sua não-alienação? Ou talvez até mesmo a exclusão e rejeição só por não ser fofinho, coloridinho e bobo?

Alguém já se questionou os motivos do Coração ser Gelado? Alguém sabe se ele tem trauma de infância? Esses ursinhos são incapazes de aceitar as diferenças! Tenho certeza que o Coração Gelado tem a mesma capacidade de amar que qualquer ursinho. Ou talvez até maior! Essa coisa de amar todo mundo não faz o menor sentido na prática. Não pode ser sincera!

Foi assim que esse desenho (que surgiu como ilustração de greeting cards americanos) fez sucesso, estampou diversos produtos, virou filme e espalhou bichinhos de pelúcia fofinhos por aí. É esse tipo de coisa que uniformiza o povo e gera todo esse preconceito que vemos diariamente. Pessoas não podem e não devem ser moldadas. A maior vantagem da raça humana é a capacidade de pensar. E o maior defeito é usar a memória pra repetir pensamentos alheios, até atrofiar e anular sua capacidade de pensar, questionar e interpretar.

Por resistir fortemente à solidão e não se deixar alienar, Coração Gelado é o verdadeiro herói do desenho!

domingo, 28 de janeiro de 2007

Frescor na medida certa

Esse lançamento merece a sua atenção! Começa com uma sensação única de frescor. Logo em seguida, você percebe que a doçura foi dosada na medida certa. Não se excede em nenhum momento. São 40 minutos de sensações agradáveis, sem perder textura ou sabor em nenhum momento. E sobre a embalagem, foi um acerto a escolha do papel. Aquele papel antigo sempre grudava com o tempo. Era uma porcaria! Percebe-se que houve todo um cuidado por trás desse lançamento, que certamente vai revolucionar todo o mercado de gomas de mascar. Até mesmo os que não são adeptos do estilo.

Qual é o valor prático de uma narração sobre uma percepção pessoal? Qual é o valor de uma crítica musical? O povo tem essa mania de preferir aderir a opiniões formadas a pensar com seus próprios cérebros. Tristeza! É por isso que a quantidade de pessoas que realmente vão te acrescentar alguma coisa na vida não é nem metade da quantidade de pessoas com quem você vai conversar. O mundo está nas mãos de papagaios primatas!
Isso explica porque esse blog passou tanto tempo abandonado. Não quero te dizer o que ouvir. Nem quero interferir na tua percepção pessoal sobre a arte. Tanta coisa pra se discutir, tanta coisa que realmente precisa ser cultivada socialmente! Apreciar a arte com sua própria subjetividade é uma ótima forma de exercitar o cérebro. E, assim, preparar o quengo pros assuntos mais "sociáveis", discussões que possam levar a algum lugar.

Se você é mais um daqueles que têm preguiça de pensar e ainda não pegou o espírito da coisa, é o seguinte: esse blog vai mudar a partir daqui. Sabe-se lá pro quê. Pára de discutir gosto musical. Bota uma música aí e apenas ouça. Com atenção! Desfrute de tudo que a música pode te oferecer. Bata uma depois. Vai ser ooooutra parada! Pode testar!