Um monte de caracteres. Pra dar preguiça de ler.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Vós não existis?

Imagine uma mesa de bar. Cervejinha, conversinha, musiquinha e tal. Eu começo a lhe contar sobre o meu mais novo projeto inovador. Nesse momento, sou a primeira pessoa do discurso: eu. Certamente, a pessoa mais importante no meu discurso. Não tenha dúvidas disso.

Mas a comunicação é uma coisa engraçada, né? Se eu tô falando com você, então não se trata de um monólogo. E eu espero sinceramente que você esteja me ouvindo, mesmo que a minha necessidade de falar seja maior que a sua necessidade de ouvir. Considerando que a sua testa deu uma franzidinha sutil depois da última frase, acho que posso entender que você está realmente me ouvindo. Talvez não entenda muito bem. Supondo que você está me ouvindo, você é a segunda pessoa do discurso: tu. (Ué...)

Blá, blá, blá... Meu projeto inovador conta com o apoio de uns amigos: o Paulinho, a Mariana e o Zé. Eles tão na mesa do lado. Gritam tanto, que nem me escutam falar. Pois é, são a terceira pessoa do discurso. Mas é porque eu tô falando deles. Não tem a ver com a quantidade.

Até aí, nada de mais. Nossa mesa tá tranquila, todo mundo ligado no meu papo singular. Já a mesa da galera ali do lado, aquela gritaria, tem um monte de gente falando de vários assuntos paralelos, tudo no plural.

Pequenos conceitos, mas um ponto de partida. Isso tudo é pra filosofar sobre a conjugação dos verbos. A gente aprende aquela coisa de pronomes pessoais do caso reto, empilha eles numa folha de papel e conjuga os verbos incansavelmente, até aprender (e a maioria nunca aprende). E lá vai: eu, tu, ele, nós, vós, eles. Todo mundo, em algum momento da vida, já questionou o uso das segundas pessoas. Ninguém conjuga verbos nas segundas pessoas aqui no Brasil! Por que se insiste nessa decoreba de algo tão obsoleto? Melhor ainda: por que diabos tiraram a segunda pessoa dos verbos?

É o sinal dos tempos... Essa sociedade anda muito egoísta. E superficial também. Ninguém está preocupado com o próximo. A grande preocupação é com o que as pessoas vão achar. É a era das aparências. Muita gente já afirma isso. Eu tenho mais é que me preocupar comigo. E com o que ele vai pensar, eles vão pensar. Chega mais, gatinho! Tem espaço pra mais um! Nós podemos ser felizes juntos. Mas não deixe de ser primeira pessoa, viu? Tem que fazer parte de mim! É questão numérica: corpos no plural, mas o cérebro aqui sou eu. A partir do momento em que você se atrever a reivindicar a sua autonomia e a sua liberdade, não vou mais querer saber. Tu só pode conjugar um verbo se for para ser como eles, na terceira pessoa.

Tu és um zero à esquerda. Tu estás ultrapassado. Vós todos sois errados e não podeis ilustrar as nossas frases. Nem as frases deles. Isso vai contra a nossa brasilidade.

Porém, você é bem-vindo. A nossa intimidade é tanta, que eu preciso me referir à sua pessoa através de um pronome de tratamento. É comum sentir essa distância toda entre nós. Uma distância similar à que lhes separa da Sua Excelência, seja ela quem for. Talvez isso justifique esse vazio e essa solidão, dos quais todos nós reclamamos tanto.

É, o Brasil tá louco! As pessoas estão tão preocupadas com elas mesmas e com o julgamento dos outros, que acabaram esquecendo que existe uma segunda pessoa no discurso!

Alooou? Tem alguém aí? Você leu isto? Sério mesmo? Já que você está aí, sem fazer nada, tá a fim de ser a segunda pessoa do meu discurso? Que tal parar de pensar em você mesmo e tentar entender um pouquinho da minha lógica? Vamos tentar?

Será que tu consegues?

7 comentários:

Anônimo disse...

tú estás cada vez mais ridícula e surtada, faça uma gentileza ao mundo e procure um tratamento.
beijos.

Anônimo disse...

o anônimo não entendeu o post! aêeee!

Anônimo disse...

comentários a parte
seu texto é irado

Anônimo disse...

Caí aqui de para-quedas... mas achei "tu só pode conjugar verbos se for pra ser como eles" demais!

Seu, digo, teu texto é muito bom!

Anônimo disse...

Uai, as vezes ele entendeu e se sentiu meio "tu" quando queria ser "nós", sabe lá?! rs
E quanto ao Brasil conjungar, no sul ainda se usa basntate a segunda pessoa. É o correto! =D

Anônimo disse...

mas o sul é ooooutra parada, né? mas eu nem sei se eles chegam a conjugar os verbos na 2ª pessoa mesmo.

mas eu concordo com a sua teoria sobre o anônimo, pedro! hahahah!

Anônimo disse...

acabaram com a segunda pessoa do discurso, porque ninguém gosta de discurso... discurso é chato! as pessoas do concurso gostam é de ir pro róque! "o prêmio? a senhora vê aqui, é só arriar a calça e deixar meu pau duro". (costinha)