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quinta-feira, 29 de março de 2007

A raiva acabou, mas e daí?




Depois de 5 anos sem lançar nada, não dá nem pra imaginar o que esperar do quinto disco do Silverchair. A principal característica da banda é a capacidade de se renovar a cada álbum e, já que os integrantes dedicaram os últimos anos a projetos paralelos, imagino que Young Modern seja um disco repleto de novidades e, mais uma vez, completamente diferente dos trabalhos anteriores. O lançamento oficial na Austrália é daqui a 2 dias. Vai saber quando o disco chega no Brasil?! Mas quem tá preocupado em esperar? Você ainda não baixou?

O meu acabou de chegar.

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faixa 1 - Young Modern Station
Agitada e moderninha. O disco começa muito bem. Timbres perfeitos. Soa mais simples do que é.

faixa 2 - Straight Lines
É o primeiro single. É a clássica baladinha do Silverchair, fofinha e melódica, cheia das camadas sonoras. Ben Gillies espanca a batera e Daniel Johns demonstra um vocal muito mais maduro e profissional, que já aparecia no Diorama (2002).

faixa 3 - If You Keep Losing Sleep
Música pra duvidar da sexualidade da banda. Excêntrica, soa como trilha sonora de filme bizarro de aventura. Ótimo arranjo, mas confesso que às vezes sinto falta da simplicidade do Frogstomp (1995). Será que uma banda precisa acrescentar tantos timbres diferentes pra amadurecer?

faixa 4 - Reflections Of A Sound
Uma coisa é certa: Daniel Johns sabe fazer hits. Essa faixa poderia entrar até numa trilha sonora de novela. Simples, bonitinha e com uma melodia bem assimilável. Quebrou totalmente a "confusão" da faixa anterior. Uma das melhores coisas que o Silverchair acrescentou ao seu trabalho ao longo dos discos foram os elementos rítmicos. A estrutura melódica das canções também evoluiu ao longo do tempo, mas muitas vezes soa cafona.

faixa 5 - Those Thieving Birds Part 1 / Strange Behaviour / Those Thieving Birds Part 2
O começo da música é climático. De repente, fica agitadinha. O excesso de camadas me incomodou em alguns momentos, mas faz parte da sonoridade do disco. É questão de acostumar. No entanto, não dá pra considerar esse trabalho como um disco tão pop quanto alguns fãs dos
tempos mais grunges na banda insistem em classificar. As músicas apresentam uma complexidade que está fora dos padrões pop. Sete minutos e vinte e seis segundos que acabam parecendo longos demais. Épico? Prog-Alternativo?

faixa 6 - The Man That Knew Too Much
Sem dúvidas, uma das melhores do disco. Tem cara de canção coreografada de musical.

faixa 7 - Waiting All Day
Uma bela canção. Mais uma faixa de trilha sonora. Estamos acompanhando a fase de transição da banda. Indiscutivelmente, o melhor disco do Silverchair ainda está por vir. Quero ver como a banda vai soar na próxima década, quando seus integrantes finalmente chegarem à casa dos 30.

faixa 8 - Mind Reader
Rock básico? Será? (...) Por enquanto ainda tá bem básico pro padrão do disco. Quero ver essa num show. Essas faixas mais agitadas e dançantes são as que garantem as melhores performances da banda no palco. Aliás, é bem provável que o tour do Young Modern passe por aqui em breve.

faixa 9 - Low
O piano cai muito bem na sonoridade da banda. A impressão que fica é que tem baladinha demais no disco, mas acho que essa impressão cai conforme você vai entendendo o disco. O quê aconteceu com os pedais de guitarra do Daniel Johns? Será que quebraram? Será que ele perdeu? Será que a artrite impossibilita que ele pise nos pedais? Ele deve estar ocupado demais estudando piano e canto pra se preocupar com a guitarra.

faixa 10 - Insomnia
Repito que o melhor disco ainda está por vir. Eles estão caminhando pra algum lugar que está começando a aparecer no horizonte. Vejo cada disco do Silverchair como uma busca por algo. Eles ainda têm muito tempo pela frente. Uma hora vão encontrar! Quem sabe se um dia a banda ganhar um baixista de verdade?

faixa 11 - All Across The World
Essa também está no single. Segue a linha das baladinhas melódicas, cheias dos "uhhh" e com várias partes e camadas diferentes. Destaque para o vocal, que tem muito conteúdo e feeling.

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Guitarra básica e crua, mas roquenrou. Bateria dinâmica, pesada e muito bem trabalhada. Pianos, "climinhas" e camadas eletrônicas sutis. Vocal maduro, muito coerente, intenso e bem trabalhado. Riffs abandonados, junto com os pedais de guitarra. Arranjos complexos, baladinhas densas e uma busca que parece não ter fim. As letras evoluíram significativamente, com destaque para o cuidado na escolha de palavras. Enfim, os meninos cresceram e a maturidade da banda está cada vez mais próxima. Young Modern é um disco bom, épico, teatral, adulto, e que promete discos ainda melhores. Sinto falta da raiva deixada pra trás no milênio passado, mas não dá pra esperar tanta raiva dos queridinhos da Austrália, crescidos sob holofotes, casados e devidamente tratados de seus traumas.

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